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“Mula não faz quarentena”, regimes de combate ao tráfico de pessoas no Brasil em tempos de pandemia.

Nesta apresentação analiso em uma perspectiva crítica os discursos e ações de diferentes instâncias de governamentalidade em relação ao tráfico de pessoas no Brasil, durante a pandemia de COVID 19. Tomo como referência um levantamento extensivo de material disponível nas mídias digitais a partir de março de 2020, jornais, blogs, canais de youtube e páginas do facebook de agentes governamentais e não governamentais envolvidos nos regimes de combate ao tráfico de pessoas no país, incluindo um grupo de whatasapp do Comitê Nacional de Combate ao Tráfico de Pessoas/Conatrap, do qual fiz parte, prestando particular atenção à participação do governo federal no combate ao tráfico de pessoas.  Neste período, no Brasil foram reiterados os principais argumentos presentes no período em documentos produzidos pelo  Escritório das Nações Unidas contra as Drogas e o Crime/UNODC e a Organização Internacional das Migrações nos quais a ideia central é que o tráfico de pessoas e o contrabando de migrantes aumentariam consideravelmente no âmbito global durante a pandemia.  No entanto, no Brasil essa ideia tem adquirido matizes particulares marcados pelas preocupações do atual governo, com destaque para a securitização, para a proteção das fronteiras supostamente atingidas de maneira ainda mais intensa neste período pelo crime organizado transnacional, em um processo de intensa desvinculação entre combate ao crime e proteção dos direitos humanos. 

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