Como lidamos com a pandemia? Jeitos e modos de encarar a COVID-19 no Brasil
Em um período em que perguntas são mais urgentes que respostas, este artigo ousa enveredar pelo seguinte questionamento: Como as diferentes culturas experimentam a quarentena? O filósofo Byung-Chul Han (2020) pondera que o vírus ao nos isolar e nos individualizar não gera nenhum sentimento coletivo. Em contrapartida são divulgadas, com alguma esperança, práticas de solidariedade promovidas por empresas, sociedade civil e classe artística para angariar fundos em combate à COVID-19. À guisa de exemplificação, a experiência dos moradores de favelas, no Brasil, que atuam no controle do contágio, na distribuição de cestas básicas aos moradores, dentre outras ações coletivas, põe em evidência formas de resistência e organização quando da precariedade dos serviços prestados pelo poder público. São alternativas e, também, estratégias improvisadas e criativas que dispõem os sujeitos para o enfrentamento de um problema potencialmente mais perigoso em razão da forte desigualdade social. O idiossincrático caso brasileiro pode exemplificar essa experiência local de viver e sobreviver à pandemia em meio à tamanha instabilidade econômica e política no país. Em suma, pretende-se analisar as maneiras com que lidamos com essa pandemia e as estratégias que usamos para contornar problemas estruturais. O estudo ora proposto baseia-se no método da etnografia virtual (HINE, 2015), tomando como referências as redes sociais, perfis digitais de líderes comunitários e de pequenos empreendedores, grupos de discussão, fontes jornalísticas, dentre outros conteúdos digitais.