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Reassentamento e novas territorialidades: a reorganização sócio territorial de famílias rurais deslocadas pelas obras da transposição do rio São Francisco, no Brasil

O projeto de integração do rio São Francisco com bacias hidrográficas do Brasil setentrional é uma obra do governo federal brasileiro que prevê o desvio das águas do rio São Francisco para o abastecimento de municípios carentes de recursos hídricos de região semiárida brasileira. Uma grande obra pública que provocou o deslocamento compulsório de famílias rurais de suas terras para vilas produtivas rurais, os locais construídos pelo governo no bojo do projeto. Imerso nesse cenário este trabalho analisa as novas territorialidades - processos de construção territorial - de um grupo de 130 famílias rurais desapropriadas no município de São José de Piranhas, na Paraíba, e reassentadas na vila produtiva rural Cacaré. As dimensões do parentesco e da campesinidade destacam-se como matrizes analíticas para o entendimento da forma como as famílias vêm se reorganizando sócio territorialmente nas vilas, especialmente em aspectos como moradia, trabalho e sociabilidade. O trabalho agrícola e a casa de moradia agrupam famílias nucleares; as relações de vicinalidade aproximam grupos de parentes em casas avizinhadas dentro da vila, e as relações de sociabilidade mais ampla agrupam a totalidade das famílias que se tornam o grupo de moradores do Cacaré. Nesse processo, as famílias reassentadas articulam suas memórias, costumes, técnicas e saberes trazidos do lugar de origem, os Sítios camponeses, com o novo ordenamento sócio territorial imposto pelo projeto arquitetônico das vilas, conformando um novo território de vida.