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Governança na Reserva Extrativista Marinha do Corumbau: aspectos políticos na relação extrativistas e indígenas

Uma das estratégias do Brasil para conter as ameaças à sociobiodiversidade é a criação e implementação de Unidades de Conservação, como as Reservas Extrativistas (RESEX). Para que sejam efetivas, são imprescindíveis debates sobre sua governança. Neste trabalho, realizou-se uma análise sobre a influência dos aspectos políticos na governança, destacando-se relações interpessoais e reconhecimento de lideranças. A área de estudo foi a RESEX Corumbau, área marinha, cuja população tradicional é descendente de índios pataxó, negros e portugueses e tem na pesca e no turismo suas principais atividades. Foram realizadas 43 entrevistas com questionário semi-estruturado nos meses de agosto, setembro e outubro de 2019. Para a seleção dos entrevistados (representantes de instituições e beneficiários) utilizou-se a técnica de amostragem conhecida como “bola-de-neve”, com a pergunta “como é a relação entre beneficiários extrativistas indígenas e não indígenas?”. O resultado foi: 76,7% afirmaram que a relação é boa; 16,2% razoável; 4,6% ruim, e 2,3% não souberam responder. Numa observação preliminar, percebe-se que a RESEX é um espaço com potencial para o desenvolvimento de uma governança adaptativa, pois: 1) seus beneficiários se reconhecem como iguais frente ao direito de uso do recurso natural, respeitando sua diversidade étnica, 2) as lideranças da RESEX são também lideranças indígenas demonstrando que o debate socioambiental ultrapassa as esferas jurisdicionais, e 3) embora ainda com ressalvas, as falas demonstram que “a relação está boa, melhorando”, ou seja, há o esforço de superação das diferenças étnicas, com compartilhamento de experiências e com capacidade para criar novas interações, adaptando às circunstâncias em mudança.