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Visões de vanguarda, imaginários sociotécnicos e imaginação social: Uma reflexão crítica sobre a economia política da promessa da nova biomedicina

O incremento de sinais de bioconvergência, isto é, de associação entre corpos, tecnologias e meios de comunicação digital, tem sido entendido pelos campeões da promessa que lideram as vanguardas tecnocientíficas e políticas como sinais inequívocos da materialização da revolução biotecnológica que tinha sido anunciada nos finais do século XX. A aceleração da produção de novos conceitos e discursividades e de tecnologias inovadoras que prometem transformar radicalmente a nossa relação com os profissionais e as instituições de saúde, e até com os nossos corpos e subjetividades, promove, porém, projeções opostas sobre o futuro. Visões utópicas alimentadas no que Ernst Bloch chamaria de princípio da esperança e visões distópicas que apontam a uma sintomatologia da discriminação e da exclusão das populações mais carentes e necessitadas que experimentam dificuldades de acesso às “maravilhas” da tecnologia aparecem lado a lado na imaginação dos cuidados de saúde do futuro e da própria sociedade. Sheila Jasanoff identificou três questões fundamentais que interferem na coprodução dos futuros no contexto da economia política da promessa: a predominância de organizações privadas na articulação e propagação dos imaginários; a existência de tensões sobre a definição dos futuros desejáveis; e a qualidade dos imaginários enquanto tradutores dos entendimentos de uma sociedade sobre o bem e o mal. A presente comunicação propõe refletir sobre as implicações da economia política da promessa da nova biomedicina na produção dos futuros imaginados analisando estas três questões através de uma abordagem cosmopolítica, isto é, partindo da indagação: “o que é que estamos a fazer?”.