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Quando corpos negros e favelados insurgem e educam a cidade: um olhar para o movimento social “Seu Vizinho” em Belo Horizonte/MG-Brasil.

Este artigo busca compreender o potencial educador do movimento social insurgente denominado “Seu Vizinho”, fundado em uma das maiores favelas do estado brasileiro de Minas Gerais. Em meio ao ambiente de disputa urbana suscitada pelos blocos de carnaval de rua, cuja (re)surgência na cidade de Belo Horizonte se deu como reação às proibições estatais à apropriação dos espaços públicos, o Seu Vizinho emergiu como movimento e bloco de favela empenhado em romper com a exclusão do povo favelado do próprio contexto do carnaval insurgente, tornando-se uma resistência dentro da resistência. Com a proposta de “unir o morro ao asfalto”, as práticas do movimento (festas, atividades culturais, oficinas), com pautas políticas alinhadas às demandas da favela, constituem ações de contestação ao ambiente sócio espacial hegemônico. Se considerarmos as experiências coletivas de resistência como práticas capazes de promover uma educação urbana, podemos analisar o Seu Vizinho na perspectiva pedagógica. Para isso, é fundamental o entendimento de educação urbana, através da articulação entre o conceito de educação crítica, desenvolvido por Freire (1967) – educação emancipatória, fundada na práxis e com vistas à transformação social – e a concepção lefebvriana de direito à cidade, que se refere às práticas coletivas cotidianas que envolvem tomadas de decisão sobre a cidade. Nesse contexto, quando corpos negros transbordam para os espaços públicos urbanos, com suas festas e práticas culturais representativas do cotidiano da favela, eles reagem às discriminações raciais e de classe, abrindo possibilidades para se (re)criar a cidade. É nesse processo insurgente que ocorre educação urbana.

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