Xamanismos urbanos em tempos de pandemia
Este relato etnográfico reúne anotações e observações sobre os modos como alguns grupos ayahuasqueiros de grandes cidades se reorganizaram para manter sua solidariedade em tempos de pandemia. Trato especialmente da prática de xamanismos urbanos, que diferente das organizações religiosas como o Santo Daime e a União do Vegetal, desde pelo menos a década de 1970, inventam e reinventam rituais como cerimonialidades únicas, bastante criativas, ainda que operem uma similar busca por ancetralidades na contemporaneidade.
Através de algumas observações etnográficas, eu proponho refletir sobre a eficácia de operações mágicas que se dão através da virtualidade de encontros e de mundos compartilhados. Especialmente no contexto de pesquisa dos agrupamentos ayahuasqueiros, mas também em outros umbandistas, chama minha atenção os transes operados através da Internet, as conexões possíveis mesmo sem os sacramentos que são centrais nos rituais presenciais.