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Refugiados em meios rurais portugueses: sistema de acolhimento, desafios do território e oportunidades mútuas

A receção de refugiados em Portugal após as disposições do Programa de Recolocação da UE serve de mote a esta comunicação. À semelhança do que já acontece em países como os EUA, o Canadá e a Austrália, alguns destes refugiados foram instalados em territórios rurais, procurando-se evitar uma excessiva concentração nas grandes cidades e a constituição de guetos urbanos, assegurando um maior equilíbrio e coesão territoriais no acolhimento. Partindo deste cenário, exploraremos as consequências desta dispersão territorial e seus desafios e oportunidades. Desafios, pois grande parte dos territórios rurais portugueses, socioeconomicamente, tem-se revelado pouco atrativos para a fixação de pessoas. Mais, nestes territórios, ao nível da capacidade de resposta local, fazem-se sentir de forma ainda mais acutilante os constrangimentos estruturais do sistema nacional de acolhimento: inadequação das estruturas locais de suporte social, falta de ligação contínua e estruturada com as entidades gestoras centrais e reduzida preparação técnico-científica dos interventores locais, a que se junta a escassez de recursos (técnicos e financeiros). Além destes desafios, a chegada de novos atores a meios rurais envelhecidos e em declínio demográfico não deixa de poder ser vislumbrada como um traço de gentrificação rural, de que poderão emergir possíveis oportunidades de valorização mútua. Esta reflexão assenta numa pesquisa exploratória circunscrita ao acolhimento de refugiados em municípios do interior norte e centro de Portugal, sendo que a recolha de dados baseou-se em observação participante, pesquisa documental e entrevistas semidirigidas.