O CONSUMO DE ALIMENTOS COMO ESPAÇO DE FORMAÇÃO DE CÓDIGOS DE COMPORTAMENTO E INTERAÇÃO SOCIAL NA INTER-RELAÇÃO DOS GRUPOS CULTURAIS DE SURDOS SINALIZADORES E DE OUVINTES
A pessoa surda vem conquistando espaços importantes de pertencimento em diversos contextos sociais em que se insere; entretanto, numa sociedade fragmentada e em constante ressignificação, ainda é marginalizada a partir da carência de compartilhamento da(s) cultura(s) majoritária(s). Este estudo objetiva compreender o universo simbólico do jovem surdo, a partir de suas práticas alimentares, considerando a relação entre sujeito, alimento, identidade. Como metodologia, foi realizada uma revisão bibliográfica e um estudo etnográfico que utilizou o espaço físico de um restaurante e observou um pequeno grupo de surdos sinalizadores. A complexidade das relações sociais, em que se contrapõem as chamadas culturas surda e ouvinte, deve ser considerada sob uma perspectiva de tensão e conflito no espaço simbólico. Esta pesquisa define o espaço do alimento como campo em que se dão essas tensões e conflitos e problematiza a afirmação e reafirmação constantes do surdo, considerando a construção de identidades e a constituição de uma cultura que se possa chamar de surda. O alimento, como produtor de subjetividade e de compartilhamento cultural, é o mediador nessa construção. O processo de exclusão social se dá de maneira mais significativa do que se possa perceber nos espaços geográficos. A privação da frequência a determinados espaços sociais não é somente a simples ausência física, mas, acima de tudo, a constatação do não pertencimento, talvez a forma mais grave da exclusão, posto que, considerando o campo visto por esta investigação, compromete a significação do alimento e do espaço em que ele é disponibilizado, enquanto símbolos de pertencimento.
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