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TERRENOS DE PATRIMONIALIZAÇÃO - O CASO DA CALÇADA PORTUGUESA

Reconhecida pelo seu pendor simbólico concernente à cidade de Lisboa, a calçada portuguesa tem sido colocada na mira recente de projectos camarários, que visam a sua substituição por outra tipologia de piso em locais não-turísticos/não-históricos.Volvidos dois anos da primeira abordagem ao terreno, aquando do inquérito à manutenção da calçada e do Plano de Acessibilidade Pedonal elaborado pela Câmara Municipal de Lisboa (2014) – pendente até agora – hoje, revisitamos o tema num momento em que a retirada da calçada volta a ser noticiada num investimento de 50 milhões de euros até 2020.Gerou-se em 2014 uma enorme comoção pública, movendo cidadãos de todo o país numa petição partilhada por canais da  internet, além de ter proporcionado espaço para manifestações/ocupações artísticas e performáticas da calçada. Hoje a sua retirada (potencial e efectiva) volta a “olear” as engrenagens do protesto.O valor patrimonial e simbólico da calçada portuguesa é colocado em evidência e utilizado como argumento a favor da manutenção do piso, relevando-se também a imaterialidade do saber-fazer do ofício específico do calceteiro que se encontra num momento crítico face à sua sobrevivência.A retórica do turismo também é manobrada enquanto recurso discursivo para a sua manutenção, justificando-se o branco do calcário como essencial para o reflexo solar que garante a Lisboa a “luz” vendida em roteiro.Como em todos os processos de patrimonialização irrompem tensões e fissuras, interesses contrastantes entre centros de poder e populações, incorporando lógicas naturalizadas de revitalização e preservação de símbolos materiais e imateriais.

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