Esta comunicação objetiva discutir os meandros e as complementariedades entre o trabalho etnográfico voltado para a produção acadêmica e a pesquisa com objetivos “públicos”, isto é, investigações como laudos antropológicos e diagnósticos socioculturais produzidas a partir de demanda administrativa e jurídico-legal, nomeadamente em contextos de formulação de políticas públicas e que envolvem tanto os agentes do estado quanto da sociedade civil. Buscaremos debater o papel do etnógrafo e de seu produto de pesquisa nessas abordagens, assim como as diferenças e os desafios presentes, em especial as questões e críticas colocadas pelo saber acadêmico àqueles que realizam trabalhos de cariz “público”. Partindo de nossa experiência na produção etnográfica para os dois campos de pesquisa (acadêmico e “público”) e tomando, assim, como referência o contexto brasileiro, apresentaremos como estudo de caso nossa atuação na comunidade de Mundo Novo, autointitulada como “remanescente de quilombo” e localizada no estado da Paraíba, Brasil. Nossa investigação no local foi realizada entre abril de 2012 e janeiro de 2016 e deu origem a dois documentos diferenciados. Primeiramente, o Relatório Antropológico de caracterização histórica, econômica, sociocultural e ambiental da área quilombola da comunidade, documento produzido pelo antropólogo para o INCRA - Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária -, órgão do governo brasileiro responsável pelo processo de titulação de terras quilombolas. Posteriormente, nosso estudo teve como objetivo a realização de uma dissertação de mestrado e um diálogo mais amplo com o mundo acadêmico.

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