Artículo

A NOVA GESTÃO DA NATUREZA: ETNOGRAFIA DE UM PROJETO DE RENATURALIZAÇÃO.

O presente trabalho tem origem no acompanhamento das dinâmicas de implementação e nas práticas de atores envolvidos em um novo tipo de reserva natural adaptada às necessidades de reconstrução e conservação do meio ambiente. Estas reservas estão vinculadas – com maior ou menor comprometimento institucional – a um protocolo de ações denominado de iniciativa de “renaturalização” (“rewilding”). Originalmente pensado para execução em solo norte-americano, o ideal do projeto de “Pleistocene rewilding” é readaptado a uma cadeia de reservas naturais dispersas no território europeu congregadas por uma organização não-governamental denominada “Rewilding Europe”. Tanto o estabelecimento das diretrizes “rewilding”, quanto a sua concretização como parques naturais são registros ainda recentes na história da biologia da conservação. Aqui apresento os resultados parciais de uma pesquisa de acompanhamento de um destes projetos realizado na Reserva Faia Brava, localizada na região nordeste de Portugal. Dentre as várias peculiaridades deste tipo de programa, cabe ressaltar a existência de uma dinâmica inextricável entre processos antrópicos, econômicos e ambientais. Na medida em que se contrapoem à argumentação prática da preservação de um estado de natureza originária, os ambientalistas vinculados a vertente da “renaturalização” sustentam que - assim como os antropólogos costumam conceber a “cultura” e os processos de etnogênese - a natureza também deveria e poderia ser (re)construída através de processos ditos “artificiais”. Em decorrência disso, uma gama de possibilidades de interação entre espécies (humanas e não humanas) se abre, abdicando da evocação às referências pretéritas a uma natureza desantropizada. A imersão neste movimento fornece à teoria antropológica um solo fértil de análise, onde é possível apontar etnograficamente exemplo de dissolução da dicotomia entre natureza e cultura em um contexto “ocidental” e/ou “moderno”, e, porque não, “naturalista” (Descola, 2005).

(*)El autor o autora no ha asociado ningún archivo a este artículo