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IDEALIZAÇÃO DE MODELOS DE BEM COMER EM POLÍTICAS PÚBLICAS DE ALIMENTAÇÃO

As políticas públicas em alimentação e nutrição hoje no Brasil desempenham importante papel de controle e promoção de mudanças na alimentação, o que nos fez buscar, numa perspectiva socioantropológica, compreender ações de educação alimentar em oficinas culinárias de extensão universitária no ensino básico no Rio de Janeiro. A incorporação de orientações de políticas públicas apresentou-se muitas vezes de forma simples, naturalizada e descontextualizada, sem considerar o jogo de interesses e metas dos agentes governamentais, suas convergências, divergências e ressignificações na cultura alimentar local. O objetivo deste estudo foi analisar o processo de atribuição de qualidade às ações educativas das oficinas culinárias. A pergunta guia foi: As orientações de políticas públicas operam como padrão que confere prestígio a essas ações? Com um instrumental teórico-conceitual segundo a teoria de Pierre Bourdieu para entender um jogo simbólico, observamos que a atribuição de qualidade envolve um conjunto de elementos simbólicos dispostos de forma socialmente organizada na intenção de reificar um tipo de alimentação idealizada, que, por estar naturalizada se acredita possível de ser realizada em todo território nacional. Os modelos alimentares e as orientações se apresentam como um comer a ser alcançado, e não problematizam as dificuldades e desafios in loco, nem a peculiaridade dos valores simbólicos e das referências culturais em torno do comer. A proximidade com esses modelos como um bom resultado esperado submete as ações às diretrizes e pressupostos das orientações políticas e faz com que se perca sensibilidade para a diversidade alimentar e desigualdade social.

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