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ESTÓRIAS COTIDIANAS, PENDÊNCIAS COM ANCESTRAIS NA ÁFRICA DO SUL PÓS-APARTHEID

A proposta de trabalho para este Congresso está baseada na pesquisa rde campo para a feitura da dissertação de mestrado defendida pelo Programa de Pós-graduação em Antropologia Social da Unicamp, em 2013. Pretendo, a partir da experiência de campo de três meses com mulheres falantes de isiZulu e moradoras da zona rural de KwaZulu-Natal, na África do Sul, refletir acerca das consequências advindas do regime do apartheid através das estórias que essas mulheres me contaram ao longo do período em que estive em suas casas. A intenção é trazer suas narrativas sobre ancestralidade como um dos principais pontos afetados pela política segregacionista naquele país, que perdurou oficialmente de 1948 a 1994, cujas leis segregacionistas, no entanto, datam do início do século XX. Diante das restrições legais instituídas aos não-brancos por tal governo, muitas pendências rituais destinadas às pessoas que morreram longe de suas casas não puderam ser feitas. Na temporalidade da ancestralidade, no entanto, o que ficou, retorna ao presente em formas de desavenças pelas quais as pessoas estão passando. Dessa forma, os vivos têm que retornar sempre ao passado e agir como se fossem agentes do seu presente, completando o que passa a ser visto como fraturado por uma ausência. Por conta da falta de mobilidade, tais pendências não puderam ser resolvidas no tempo ocorrido, mas não deixaram de ser importantes. Ao acompanhar alguns rituais e encontros de grupos de mulheres que juntam dinheiro para este fim, pude perceber a importância de certas movimentações e a transformação de algo cosmológico em político.

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