Esta comunicação tem por objetivo interrogar o Património Cultural Imaterial certificado pela UNESCO como reprodução (sob novas formas, procedimentos e terminologias) das modalidades de holismo aplicadas a coletivos que ocupam hoje o lugar do “povo”, dos românticos e folcloristas do passado. O saber autorizado permanece ligado a um poder que o autoriza, e a processos científicos que não são inocentes, quando os seus objetivos dependem de organizações políticas, conduzidas por agências internacionais que fazem com que o problema da salvaguarda, seja, acima de tudo, um problema de dominação. O canto alentejano representa um exemplo paradigmático desta realidade, ao ser reconhecido pela UNESCO (27.11.2014) como “cante polifónico, sem instrumentos, protagonizado por agrupamentos corais”, classificação que remonta ao processo de “folclorização”, pela intervenção de eruditos que o catalogaram e exibiram como emblema identitário da região do Alentejo e da nação portuguesa (Gallop 1937, Leça 1940, Delgado 1955, Marvão 1955, Sardinha 2001), antecedido pelo movimento de exaltação da “cultura popular” dos séc. XVIII e XIX (Revel 1989, Leal 2000). Tal como hoje desenha-se uma geografia do “esquecido” (Certeau e Julia 1989), que obscurece uma prática social de resistência, para fazer restar o “espontâneo”, o “ingénuo e o “autêntico” cuja pureza original convém salvaguardar.
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