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AS TARTARUGAS FALAM? PROLIFERANDO AGÊNCIAS E VÍNCULOS ENTRE HUMANOS E NÃO HUMANOS, DENTRO E FORA DE UM LABORATÓRIO.

O texto reflete sobre três depoimentos de pesquisadores que, quando entrevistados, desenvolviam seus trabalhos no mesmo grupo de pesquisa voltado ao estudo de tartarugas, sobretudo marinhas, na capital do Espírito Santo. Os relatos serão explorados quanto ao que abordam a respeito da agência (ou falta de agência) destes animais - como o vislumbrar de uma possibilidade de comunicação intraespecífica e outros comportamentos intencionais de indivíduos da espécie. Complementarmente, textos tecnocientíficos apontados como relevantes pelos pesquisadores, para os seus trabalhos, são utilizados na análise. Eles ajudam a (re)compor alguns dos fios da rede tecnocientífica tartarugueira. Igualmente, considerar-se-á que o trabalho de pesquisa com o animal pode ser desenvolvido por esses pesquisadores segundo diferentes técnicas de manejo, e em diferentes ambientes, como em laboratório ou in situ (em seu local de ocorrência), condições que colocam possibilidades e limites ao estabelecimento de relações de afeto entre cientistas e animais. Outro tema abordado é a questão do obscurecimento de determinados problemas ambientais que incidem sobre estas espécies de tartarugas, o que está ligado à possibilidade de intervenção ou não sobre os mesmos. Nesse sentido, a despeito dos problemas de grande magnitude influenciarem a possibilidade de sobrevivência e o bem estar das tartarugas, a pesca é vista por eles como problema ambiental de grande significância, aspecto no qual torna-se visível uma assimetria entre esses saberes, científico e tradicional. Os aspectos destacados permitem repensar algumas das dicotomias ordenadoras do pensamento ocidental moderno: (1) a separação entre humanos e animais; (2) a divisão entre razão e emoção; e (3) a objetividade no que diz respeito à definição do que vale ou não como um fato científico.

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