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POSSÍVEL EQUILÍBRIO ENTRE O SOFRIMENTO SOCIAL E O PRAZER: DESAFIO PARA A ANTROPOLOGIA MÉDICA NO CAMPO DAS DROGAS

Nossa proposta para esse painel é discutir o uso de substancias psicoativas tomado como uma escolha individual do sujeito por motivações distintas, analisadas desde o aspecto subjetivo: o prazer. Nessa perspectiva particular trata-se de uma questão epistemologicamente positiva da “plenitude do êxtase” (Vargas 1998: pág., 132) como uma experiência singular interpretada pela pessoa que faz uso da droga, mesmo que resulte uma sensação ilusória, festiva ou como uma forma de tamponamento das dificuldades ou autodestruição. Por outra parte, os discursos elaborados e produzidos ancorados em interesses políticos, econômicos e sociais geram imagens sociais do usuário em personagens aniquilados, mortos socialmente, desviantes, perigosos e doentes. Desse ponto de vista, o uso de drogas, sobretudo, não medicamentosas, é considerado negativo e provoca sofrimento social. O sofrimento social pode ser entendido como um fato social (Kleinman, Das e Lock (1997) apud PUSSETTI; BRAZZABENI, 2001, p.468) imbricado nas   dinâmicas da sociedade e nos interesses políticos e econômicos que o constroem, reconhecem e nomeiam. Assim implica necessariamente relações desiguais de poder que caracterizam a organização social e, com efeito, atuam sobre a subjetividade do sujeito. A estrutura social  limita a capacidade de ação das pessoas que fazem uso, sobretudo abusivo, de drogas e  interfere diretamente  nas relações cotidianas, nas escolhas, decisões e experiências individuais e coletivas expressas no corpo que segundo Breton “O corpo é o primeiro e o mais natural instrumento do homem” (1975, p.217).Nesse campo, a antropologia médica encontra importantes desafios para entender o impacto das discursivas sociais baseadas nos modelos paradigmáticos de comportamento e a subjetividade, o controle dos sentidos, das experiências,  significação, sentimentos, inquietações e nas perturbações morais, psíquicas e físicas do sujeito.    

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