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HISTÓRIAS INCONTÁVEIS – CIRCULAÇÃO E TRADUÇÃO DE CONHECIMENTOS NA PRODUÇÃO DE UM LIVRO COM OS GUARANI MBYA

As histórias que espero compartilhar neste encontro dizem respeito a reflexões, escolhas e impasses no processo de produção de um livro que estou organizando com autores Guarani Mbya de diferentes aldeias no Estado de São Paulo. Tais aldeias integram uma rede mais ampla, que abrange um vasto e descontínuo território nas regiões Sul e Sudeste do país, bem como no Paraguai, Argentina e Uruguai. O livro destina-se a um público escolar indígena e não indígena, sendo composto por depoimentos em versão bilíngue que tematizam a vida em aldeias próximas ou no interior de centros urbanos, mas geralmente desconhecidas por seus moradores não indígenas. Os depoimentos contam sobre a vida nessas aldeias e as principais passagens do ciclo de vida entre os Guarani, com ênfase nos cuidados por ocasião do nascimento e parto, a infância e seus aprendizados, a passagem para a vida adulta e suas transformações, mudanças de aldeias e de famílias, adoecimentos e morte. A ideia é expressar singularidades guarani e também singularidades entre os Guarani, por meio da variedade de experiências expressas nos depoimentos de pessoas de diferentes lugares, idades e gênero. São histórias pelas quais as pessoas “se contam”, e histórias sobre o processo de contá-las nesse livro, incluindo o que é de difícil tradução ou enunciação. Por exemplo, dificuldades de passagem do registro oral para o escrito (que tende a fixar um conhecimento que existe como variação, pela singularidade das experiências e dos contextos enunciativos), ou do registro em guarani para o português (há conhecimentos que não podem ser traduzidos na língua portuguesa), entre outros temas que vimos discutindo no processo de registro, transcrição e tradução, bem como na organização dos conteúdos na configuração do livro.

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