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Memoria e resistência nas margens da cidade

A partir de pesquisa etnográfica realizada nas favelas e periferias do Rio de janeiro, este trabalho tem por objetivo analisar a memoria coletiva como forma de resistência em territórios periféricos, chamando a atenção para o papel que as formas de mobilização e ação coletiva desempenham nesse processo. Essa memoria coletiva pode ser considerada como forma de resistência na medida em que ela permite a construção de narrativas que questionam e se contrapõem aos discursos de poder e à historia oficial (Maurice Halbwachs, Michael Polak, Pierre Norra). As ações coletivas que constituem processos de construção da memoria coletiva são assim pensadas como formas de « resistência infrapolítica » (James Scott). Desta perspectiva, coloco em questão as representações historicamente construídas sobre esses territórios e o estigma que os caracteriza apenas pela precariedade e vulnerabilidade, não só no que concerne à infraestrutura e serviços urbanos, como também à ordem e regras morais. Neste sentido, busco evidenciar a importância da memoria coletiva como expressão das potencialidades desses territórios, chamando a atenção para o papel estratégico que ela desempenha nas formas de mobilização e ação coletiva, assim como nas demandas por reconhecimento das populações desses territórios, de suas formas de viver e habitar (Uni Wikan ; Axel Honnet ; Charles Taylor ; Nancy Fraser). Explora-se assim a relação entre memória e periferia, através das formas de luta e reivindicação do direito ao lugar.

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