A salvaguarda do gado bovino de raça Barrosã no Norte de Portugal: tauromaquia, património, pecuária e economia.
A grande diversidade de ecossistemas, as particularidades do clima e as diferenças geológicas e culturais, originaram um grande número de raças bovinas autóctones e levaram ao surgimento de várias formas de maneio e exploração de gado bovino. Em Portugal, umas dessas raças autóctones é a raça Barrosã (presente no Norte de Portugal, sobretudo no Barroso [Boticas e Montalegre]), cuja descrição foi feita pela primeira vez, entre 1858 e 1862, por Silvestre Bernardo Lima. Antigamente, esta raça possuía três finalidades: a produção de trabalho; a produção de carne; e o aproveitamento do leite sobrante da amamentação ou após a ablactação seria, também, bastante recorrente, como prova o tradicional fabrico de “bicas” de manteiga, vendidos nos centros populacionais da região. Este gado tinha uma grande importância para a economia do Barroso, e gozava, ainda, de grande valor simbólico, com a presença do “boi do povo”, símbolo do comunitarismo, que participava em chegas de bois (combates entre touros), onde defendia a honra da aldeia sua proprietária. Partindo destas notas históricas, é pretendido com este trabalho responder às seguintes questões: quais os usos atuais do gado bovino de raça Barrosã no Norte de Portugal?; qual a sua verdadeira importância para a economia e desenvolvimento local?; quais as medidas tomadas para proteger uma raça que esteve já próxima da extinção?; as chegas de bois contribuem de facto, como afirmam o poder local e outras associações, para a salvaguarda desta raça?; a estes animais é atribuído um valor simbólico e sentimental para lá do económico?
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