AIBR http://www.aibr.org Registro AIBR, SSCI text/plain; charset=utf-8 TY - JOUR JO - ARIES, Anuario de Antropología Iberoamericana TI - Pontes entre a Antropologia e a Resolução de Conflitos na Abordagem da Reintegração das Crianças-Soldado em Moçambique VL - IS - 2024 PB - Asociación AIBR, Antropólogos Iberoamericanos en Red T2 - ARIES, Anuario de Antropología Iberoamericana PY - 2024 M1 - SN - 2530-7843 UR - https://aries.aibr.org/articulo/2024/29/6545/pontes-entre-a-antropologia-e-a-resolucao-de-conflitos-na-abordagem-da-reintegracao-das-criancas-soldado-em-mocambique DO - doi: AU - Maria Arnaldo Copeto A2 - A3 - A4 - A5 - A6 - A7 - SP - LA - Esp DA - 29/11/2024 KW - AB - Spanish: No período pós-guerra civil (1976-1992), muitas famílias realizaram rituais para purificar os que voltavam da guerra e aliviar o seu sofrimento. Os espíritos dos mortos que com eles tinham estado em contacto, tê-los-iam ensombrado e eles seriam uma via de transmissão que iria afligir as famílias e a comunidade em geral. As comunidades, sobretudo as rurais, possuíam mecanismos próprios de recuperação e reabilitação de crises, resultado de conhecimentos ancestrais. Acreditavam, assim, que depois de uma guerra, quem estivesse estado exposto a ela mais diretamente e cometido actos violentos, teria que passar por um processo de limpeza e purificação, para que pudessem reaver o seu equilíbrio, reconstituir as suas identidades e iniciar uma vida normal. Passar por estes rituais era condição imprescindível para a sua reintegração na comunidade e para a reconstrução de uma identidade renovada. Os modelos psicoterapêuticos ocidentais baseiam-se fundamentalmente na terapia individual. Nestes ritos não existia verbalização dos acontecimentos traumáticos, existindo, isso sim, uma sua representação dramática. Ao enfatizar o recomeço em “branco” com outra identidade, faziam com que o indivíduo aparecesse como um “outro”. De igual modo, ocorria uma aceitação por parte de todos, do indivíduo que cometera contra eles enormes atrocidades durante a guerra. Em contraste com as culturas ocidentais, no contexto moçambicano a responsabilidade pela injustiça não é uma preocupação individual. Essa responsabilidade é um assunto que à comunidade no seu todo diz respeito. English: No período pós-guerra civil (1976-1992), muitas famílias realizaram rituais para purificar os que voltavam da guerra e aliviar o seu sofrimento. Os espíritos dos mortos que com eles tinham estado em contacto, tê-los-iam ensombrado e eles seriam uma via de transmissão que iria afligir as famílias e a comunidade em geral. As comunidades, sobretudo as rurais, possuíam mecanismos próprios de recuperação e reabilitação de crises, resultado de conhecimentos ancestrais. Acreditavam, assim, que depois de uma guerra, quem estivesse estado exposto a ela mais diretamente e cometido actos violentos, teria que passar por um processo de limpeza e purificação, para que pudessem reaver o seu equilíbrio, reconstituir as suas identidades e iniciar uma vida normal. Passar por estes rituais era condição imprescindível para a sua reintegração na comunidade e para a reconstrução de uma identidade renovada. Os modelos psicoterapêuticos ocidentais baseiam-se fundamentalmente na terapia individual. Nestes ritos não existia verbalização dos acontecimentos traumáticos, existindo, isso sim, uma sua representação dramática. Ao enfatizar o recomeço em “branco” com outra identidade, faziam com que o indivíduo aparecesse como um “outro”. De igual modo, ocorria uma aceitação por parte de todos, do indivíduo que cometera contra eles enormes atrocidades durante a guerra. Em contraste com as culturas ocidentais, no contexto moçambicano a responsabilidade pela injustiça não é uma preocupação individual. Essa responsabilidade é um assunto que à comunidade no seu todo diz respeito. CR - Copyright; 2024 Asociación AIBR, Antropólogos Iberoamericanos en Red ER -