AIBR http://www.aibr.org Registro AIBR, SSCI text/plain; charset=utf-8 TY - JOUR JO - ARIES, Anuario de Antropología Iberoamericana TI - A POLÊMICA DAS CALCINHAS : NOVAS ONDAS CONSERVADORAS, FAMÍLIA E TRABALHO SEXUAL NO BRASIL VL - IS - 2022 PB - Asociación AIBR, Antropólogos Iberoamericanos en Red T2 - ARIES, Anuario de Antropología Iberoamericana PY - 2022 M1 - SN - 2530-7843 UR - https://aries.aibr.org/articulo/2022/12/4407/a-polemica-das-calcinhas-novas-ondas-conservadoras-familia-e-trabalho-sexual-no-brasil DO - doi: AU - Piscitelli, Adriana A2 - A3 - A4 - A5 - A6 - A7 - SP - LA - Esp DA - 12/08/2022 KW - conservadorismos, família, trabalho sexual, exploração sexual, Brasil AB - Spanish: Neste texto considero o posicionamento do governo brasileiro em relação à exploração sexual e à prostituição. Baseio-me em pesquisa realizada na web relativa ao período 2018-2021, considerando jornais on-line e canais do youtube, o site do Ministério da Mulher, a Família e os Direitos humanos e o facebook da Ministra que preside esse Ministério, prestando particular atenção à polêmica declaração da exploração sexual ser motivada pelo não uso de calcinhas por meninas pobres. Analisando-o em diálogo com leituras sócio-antropológicas sobre ideologia de gênero; direitos humanos; trabalho sexual; família e moralidades no neoliberalismo, desenvolvo dois argumentos. O primeiro é que a responsabilização pelos perigos sexuais envolvendo crianças e adolescentes coexiste com o traçado de uma noção de família desejável: tradicional, organizada segundo a suposta ordem natural das relações entre homens e mulheres, heterossexual, vinculada a uma hierarquização de práticas sexuais na qual aquelas que se afastam do sexo tido como “bom, natural, heterossexual, monogâmico, reprodutivo e não comercial, são estigmatizadas. O segundo é que a recusa a considerar o conhecimento acumulado sobre exploração sexual e prostituição no âmbito do governo federal foi combinada com a falta de políticas públicas voltadas para as pessoas envolvidas no trabalho sexual e com uma pauta de proteção da infância e a adolescência que aciona a retórica dos direitos humanos mas incentiva métodos considerados ineficazes na literatura especializada em termos de prevenção da gravidez e criminaliza o trabalho das prostitutas simultaneamente reproduzindo estereótipos nefastos ao redor da gravidez adolescente, rotulando-a como o ingresso na decadência moral. English: Neste texto considero o posicionamento do governo brasileiro em relação à exploração sexual e à prostituição. Baseio-me em pesquisa realizada na web relativa ao período 2018-2021, considerando jornais on-line e canais do youtube, o site do Ministério da Mulher, a Família e os Direitos humanos e o facebook da Ministra que preside esse Ministério, prestando particular atenção à polêmica declaração da exploração sexual ser motivada pelo não uso de calcinhas por meninas pobres. Analisando-o em diálogo com leituras sócio-antropológicas sobre ideologia de gênero; direitos humanos; trabalho sexual; família e moralidades no neoliberalismo, desenvolvo dois argumentos. O primeiro é que a responsabilização pelos perigos sexuais envolvendo crianças e adolescentes coexiste com o traçado de uma noção de família desejável: tradicional, organizada segundo a suposta ordem natural das relações entre homens e mulheres, heterossexual, vinculada a uma hierarquização de práticas sexuais na qual aquelas que se afastam do sexo tido como “bom, natural, heterossexual, monogâmico, reprodutivo e não comercial, são estigmatizadas. O segundo é que a recusa a considerar o conhecimento acumulado sobre exploração sexual e prostituição no âmbito do governo federal foi combinada com a falta de políticas públicas voltadas para as pessoas envolvidas no trabalho sexual e com uma pauta de proteção da infância e a adolescência que aciona a retórica dos direitos humanos mas incentiva métodos considerados ineficazes na literatura especializada em termos de prevenção da gravidez e criminaliza o trabalho das prostitutas simultaneamente reproduzindo estereótipos nefastos ao redor da gravidez adolescente, rotulando-a como o ingresso na decadência moral. CR - Copyright; 2022 Asociación AIBR, Antropólogos Iberoamericanos en Red ER -