AIBR http://www.aibr.org Registro AIBR, SSCI text/plain; charset=utf-8 TY - JOUR JO - ARIES, Anuario de Antropología Iberoamericana TI - Dona Páscoa: o saber da benzedeira diante do espetáculo antropológico VL - IS - 2021 PB - Asociación AIBR, Antropólogos Iberoamericanos en Red T2 - ARIES, Anuario de Antropología Iberoamericana PY - 2021 M1 - SN - 2530-7843 UR - https://aries.aibr.org/articulo/2021/20/3737/dona-pascoa-o-saber-da-benzedeira-diante-do-espetaculo-antropologico DO - doi: AU - Tchella Fernandes Maso A2 - A3 - A4 - A5 - A6 - A7 - SP - LA - Esp DA - 20/08/2021 KW - feminismo descolonial; etnografia simétrica; lugar de enunciação. AB - Spanish: O objetivo da comunicação é compartilhar uma vivência em campo e por meio dessa discutir a prática antropológica, a partir de uma perspectiva feminista e descolonial. A situação que nos convoca à reflexão se passou no interior do estado de Goiás, região central do Brasil, nas redondezas do maior quilombo do país, território Kalunga.  A pesquisadora foi levada de surpresa a uma benzedeira: mulher negra, kalunga, com doença de chagas e aproximadamente 70 anos. Dona Páscoa usava saias, tinha dentes apodrecidos, vivia em uma casa de barro de poucos cômodos e muitos furos na parede. Seus familiares rondavam o ambiente, enquanto ela usava ramos de manjericão para curar "espinhela caída”. Essa experiência afetou a pesquisadora, nos termos descritos por Favret Saada. Não apenas sua disposição física alterou-se, mas suas emoções, perspectivas políticas e teóricas. Dentre os desejos mobilizados está a busca por aproximar a etnografía simétrica das abordagens feministas. Acerca das reflexões geradas, evidencia-se que os privilégios da pesquisadora podem originar uma antropologia do espetáculo, no qual o susto diante da pobreza ou o desconhecimento do ritual do benzimento podem gerar percepções ora romantizadas ora despolitizadas e vitimizadoras das pessoas com quem trabalha no decorrer de sua investigação. Além disso, a experiência relatada retoma o debate acerca das possibilidades e limites da militância antropológica.  English: O objetivo da comunicação é compartilhar uma vivência em campo e por meio dessa discutir a prática antropológica, a partir de uma perspectiva feminista e descolonial. A situação que nos convoca à reflexão se passou no interior do estado de Goiás, região central do Brasil, nas redondezas do maior quilombo do país, território Kalunga.  A pesquisadora foi levada de surpresa a uma benzedeira: mulher negra, kalunga, com doença de chagas e aproximadamente 70 anos. Dona Páscoa usava saias, tinha dentes apodrecidos, vivia em uma casa de barro de poucos cômodos e muitos furos na parede. Seus familiares rondavam o ambiente, enquanto ela usava ramos de manjericão para curar "espinhela caída”. Essa experiência afetou a pesquisadora, nos termos descritos por Favret Saada. Não apenas sua disposição física alterou-se, mas suas emoções, perspectivas políticas e teóricas. Dentre os desejos mobilizados está a busca por aproximar a etnografía simétrica das abordagens feministas. Acerca das reflexões geradas, evidencia-se que os privilégios da pesquisadora podem originar uma antropologia do espetáculo, no qual o susto diante da pobreza ou o desconhecimento do ritual do benzimento podem gerar percepções ora romantizadas ora despolitizadas e vitimizadoras das pessoas com quem trabalha no decorrer de sua investigação. Além disso, a experiência relatada retoma o debate acerca das possibilidades e limites da militância antropológica.  CR - Copyright; 2021 Asociación AIBR, Antropólogos Iberoamericanos en Red ER -