AIBR http://www.aibr.org Registro AIBR, SSCI text/plain; charset=utf-8 TY - JOUR JO - ARIES, Anuario de Antropología Iberoamericana TI - A PRIMEIRA IMPRESSÃO É A QUE FICA: O QUE DIZ SOBRE NÓS O QUE DIZEMOS DAS AVES VL - IS - 2015 PB - Asociación AIBR, Antropólogos Iberoamericanos en Red T2 - ARIES, Anuario de Antropología Iberoamericana PY - 2015 M1 - SN - 2530-7843 UR - https://aries.aibr.org/articulo/2019/20/2429/a-primeira-impressao-e-a-que-fica-o-que-diz-sobre-nos-o-que-dizemos-das-aves DO - doi:2015.AR0001950 AU - Vianna, Beto A2 - A3 - A4 - A5 - A6 - A7 - SP - LA - Esp DA - 20/09/2019 KW - AB - Spanish: Em Itabaiana, estado de Sergipe, nordeste do Brasil, fica o Parque dos Falcões. Ali são acolhidas aves de rapina com uma história de maus tratos ou apreendidas no tráfico de animais silvestres. Além de santuário, centro de educação ambiental e zoo, o parque tem como fonte de renda a prática da falcoaria, utilizada como sistema de controle de pragas. Chama a atenção do visitante, a docilidade e habilidade treinada das aves, e as histórias de adaptação ao cativeiro, mesmo entre as espécies mais arredias ou indivíduos traumatizados. Os guias do parque, que segundo eles próprios, têm pouco treinamento científico formal, mostram vasto conhecimento adquirido na convivência com os animais, e explicam o comportamento maleável das aves pela noção, padrão em etologia, de imprinting, ou impressão. Os guias ecoam o princípio da parcimônia de Lloyd Morgan, ainda corrente, em linhas gerais, no discurso científico. É difícil ser parcimonioso se atentarmos para a dança comportamental entre aves e guias. A atenção conjunta dos animais e seus cuidadores parece tão explicativa do comportamento observado quanto descrições em que um “instinto” animal é unilateralmente manipulado pelo humano. Em minha tese de doutorado e trabalhos subsequentes (ver Vianna e Gómez-Soriano, 2007), proponho que a linguagem é um espaço relacional coontogênico. Toda expressão observável na interação será um elemento linguístico como consequência possível, mas não necessária, do encontro consensual entre dois ou mais organismos. Nos termos da epistemologia conhecida como Biologia do Conhecer, a linguagem é uma coordenação consensual de condutas. Sugiro que um entendimento radical e, portanto, gerativo, da conduta coordenada observada no Parque dos Falcões, permite-nos pensar de modo mais produtivo não só a dimensão linguística de interações envolvendo atores não humanos, mas o modo que, como cientistas, descrevemos nossas relações com outras espécies e as relações de outros organismos entre si. English: Em Itabaiana, estado de Sergipe, nordeste do Brasil, fica o Parque dos Falcões. Ali são acolhidas aves de rapina com uma história de maus tratos ou apreendidas no tráfico de animais silvestres. Além de santuário, centro de educação ambiental e zoo, o parque tem como fonte de renda a prática da falcoaria, utilizada como sistema de controle de pragas. Chama a atenção do visitante, a docilidade e habilidade treinada das aves, e as histórias de adaptação ao cativeiro, mesmo entre as espécies mais arredias ou indivíduos traumatizados. Os guias do parque, que segundo eles próprios, têm pouco treinamento científico formal, mostram vasto conhecimento adquirido na convivência com os animais, e explicam o comportamento maleável das aves pela noção, padrão em etologia, de imprinting, ou impressão. Os guias ecoam o princípio da parcimônia de Lloyd Morgan, ainda corrente, em linhas gerais, no discurso científico. É difícil ser parcimonioso se atentarmos para a dança comportamental entre aves e guias. A atenção conjunta dos animais e seus cuidadores parece tão explicativa do comportamento observado quanto descrições em que um “instinto” animal é unilateralmente manipulado pelo humano. Em minha tese de doutorado e trabalhos subsequentes (ver Vianna e Gómez-Soriano, 2007), proponho que a linguagem é um espaço relacional coontogênico. Toda expressão observável na interação será um elemento linguístico como consequência possível, mas não necessária, do encontro consensual entre dois ou mais organismos. Nos termos da epistemologia conhecida como Biologia do Conhecer, a linguagem é uma coordenação consensual de condutas. Sugiro que um entendimento radical e, portanto, gerativo, da conduta coordenada observada no Parque dos Falcões, permite-nos pensar de modo mais produtivo não só a dimensão linguística de interações envolvendo atores não humanos, mas o modo que, como cientistas, descrevemos nossas relações com outras espécies e as relações de outros organismos entre si. CR - Copyright; 2015 Asociación AIBR, Antropólogos Iberoamericanos en Red ER -