AIBR http://www.aibr.org Registro AIBR, SSCI text/plain; charset=utf-8 TY - JOUR JO - ARIES, Anuario de Antropología Iberoamericana TI - “OS TEMPOS E AS «MODAS» DO CANTE ALENTEJANO: PRÁTICAS DA CULTURA E PROCESSOS DE PATRIMONIALIZAÇÃO” VL - IS - 2019 PB - Asociación AIBR, Antropólogos Iberoamericanos en Red T2 - ARIES, Anuario de Antropología Iberoamericana PY - 2019 M1 - SN - 2530-7843 UR - https://aries.aibr.org/articulo/2019/20/2248/os-tempos-e-as-modas-do-cante-alentejano-praticas-da-cultura-e-processos-de-patrimonializacao DO - doi: AU - Dulce Simões A2 - A3 - A4 - A5 - A6 - A7 - SP - LA - Esp DA - 20/09/2019 KW - AB - Spanish: A etnografia mostra-nos que o reconhecimento do Cante Alentejano pela UNESCO serviu para aumentar a autoestima dos grupos “detentores da tradição”, e para promover a região turística do Alentejo em benefício de entidades cujos interesses económicos são alheios aos grupos cuja cultura visam “salvaguardar”. Nesta comunicação questionamos de que forma o reconhecimento do Cante Alentejano produziu uma incomensurável paleta de “atualizações” (Jeudy 2008) que correspondem a duas perspetivas complementares: a globalização cultural e a diversidade cultural significada por referências identitárias localizadas. Como assinalou Jeudy (2008), “com os patrimónios da humanidade nada se perde” (2008: 103), e o “património imaterial” parece servir a clientela ampliada e diversificada das “classes populares” ao tornar-se “mais substancial, mais secular e mais social” (Lowenthal 1998: 14). O Cante é definido numa lógica de “autenticidade”, como expressão cultural que deve ser preservada, ao inquietar uma lógica mercantilista e seduzir a nostalgia de um mundo rural que desapareceu (Baptista, 1996). No contexto neoliberal a mercantilização do património cultural como espetáculo e lazer conduz à exploração da cultura e da criatividade popular, e implica atribuir um preço a coisas que na realidade nunca foram produzidas como mercadorias (Harvey 2005: 173). Mas aceitar a lógica mercantilista em nome de supostos modelos de “desenvolvimento económico regional”, equivale a aceitar que as práticas da cultura ficam reduzidas a artigos de consumo, a espetáculos para o turismo, sem significação identitária nem valor de uso. English: A etnografia mostra-nos que o reconhecimento do Cante Alentejano pela UNESCO serviu para aumentar a autoestima dos grupos “detentores da tradição”, e para promover a região turística do Alentejo em benefício de entidades cujos interesses económicos são alheios aos grupos cuja cultura visam “salvaguardar”. Nesta comunicação questionamos de que forma o reconhecimento do Cante Alentejano produziu uma incomensurável paleta de “atualizações” (Jeudy 2008) que correspondem a duas perspetivas complementares: a globalização cultural e a diversidade cultural significada por referências identitárias localizadas. Como assinalou Jeudy (2008), “com os patrimónios da humanidade nada se perde” (2008: 103), e o “património imaterial” parece servir a clientela ampliada e diversificada das “classes populares” ao tornar-se “mais substancial, mais secular e mais social” (Lowenthal 1998: 14). O Cante é definido numa lógica de “autenticidade”, como expressão cultural que deve ser preservada, ao inquietar uma lógica mercantilista e seduzir a nostalgia de um mundo rural que desapareceu (Baptista, 1996). No contexto neoliberal a mercantilização do património cultural como espetáculo e lazer conduz à exploração da cultura e da criatividade popular, e implica atribuir um preço a coisas que na realidade nunca foram produzidas como mercadorias (Harvey 2005: 173). Mas aceitar a lógica mercantilista em nome de supostos modelos de “desenvolvimento económico regional”, equivale a aceitar que as práticas da cultura ficam reduzidas a artigos de consumo, a espetáculos para o turismo, sem significação identitária nem valor de uso. CR - Copyright; 2019 Asociación AIBR, Antropólogos Iberoamericanos en Red ER -