AIBR http://www.aibr.org Registro AIBR, SSCI text/plain; charset=utf-8 TY - JOUR JO - ARIES, Anuario de Antropología Iberoamericana TI - VIOLÊNCIA, CONFLITO E IDENTIDADES NO PÓS-GUERRA CIVIL EM MOÇAMBIQUE: O CASO DO DISTRITO DE HOMOÍNE VL - IS - 2019 PB - Asociación AIBR, Antropólogos Iberoamericanos en Red T2 - ARIES, Anuario de Antropología Iberoamericana PY - 2019 M1 - SN - 2530-7843 UR - https://aries.aibr.org/articulo/2019/20/1782/violencia-conflito-e-identidades-no-pos-guerra-civil-em-mocambique-o-caso-do-distrito-de-homoine DO - doi: AU - Luiz Henrique Passador A2 - A3 - A4 - A5 - A6 - A7 - SP - LA - Esp DA - 20/09/2019 KW - AB - Spanish: A guerra civil em Moçambique (1977-1992), que opôs o governo da FRELIMO e as forças da RENAMO, foi marcada pela construção polissêmica do conflito em termos de agressão externa (seja no âmbito regional da África Austral, seja no âmbito da Guerra Fria) e em termos de conflito interno. No que diz respeito às causas internas da guerra, o conflito se configurou como uma série de oposições: entre as regiões Sul (identificada à FRELIMO) e Centro/Norte (identificadas à RENAMO), o que repunha uma divisão do período colonial; entre o universo urbano e “moderno” (FRELIMO) e o universo rural e tradicional (RENAMO); e, por vezes, as oposições assumiram contornos étnicos (como no caso do uso da língua Ndau da região Centro pela RENAMO, para se contrapor a uma alegada identidade Changana e sulista da FRELIMO). Em todos esses casos, produziram-se identidades para as partes em conflito, dando sentido às suas ações e violências durante a guerra. Um dos eventos críticos que marcaram a guerra civil em Moçambique foi o massacre de Homoíne, ocorrido em 1987 na vila-sede daquele distrito do Sul de Moçambique, permanece até hoje como memória coletiva e exemplar da violência contra civis no país, e ainda envolto em rumores sobre a sua autoria, que oficialmente é atribuída à RENAMO. Em pesquisas etnográficas realizadas em Homoíne entre 2005 e 2009, foi possível observar o quanto essas identidades construídas durante a guerra e a memória do massacre permanecem operantes no distrito, produzindo alteridades e tensões que atravessam as relações entre as populações do leste do distrito (onde se localiza a vila-sede e a administração) e do oeste (identificada como o “mato” rural e tradicional), dando sentido a várias experiências de violência cotidiana, e alimentando disputas político-partidárias (que, a nível nacional, resultam em ameaças da retomada da guerra). O trabalho proposto analisará como essas tensões e identidades remetidas ao período da guerra civil persistem em Homoíne. English: A guerra civil em Moçambique (1977-1992), que opôs o governo da FRELIMO e as forças da RENAMO, foi marcada pela construção polissêmica do conflito em termos de agressão externa (seja no âmbito regional da África Austral, seja no âmbito da Guerra Fria) e em termos de conflito interno. No que diz respeito às causas internas da guerra, o conflito se configurou como uma série de oposições: entre as regiões Sul (identificada à FRELIMO) e Centro/Norte (identificadas à RENAMO), o que repunha uma divisão do período colonial; entre o universo urbano e “moderno” (FRELIMO) e o universo rural e tradicional (RENAMO); e, por vezes, as oposições assumiram contornos étnicos (como no caso do uso da língua Ndau da região Centro pela RENAMO, para se contrapor a uma alegada identidade Changana e sulista da FRELIMO). Em todos esses casos, produziram-se identidades para as partes em conflito, dando sentido às suas ações e violências durante a guerra. Um dos eventos críticos que marcaram a guerra civil em Moçambique foi o massacre de Homoíne, ocorrido em 1987 na vila-sede daquele distrito do Sul de Moçambique, permanece até hoje como memória coletiva e exemplar da violência contra civis no país, e ainda envolto em rumores sobre a sua autoria, que oficialmente é atribuída à RENAMO. Em pesquisas etnográficas realizadas em Homoíne entre 2005 e 2009, foi possível observar o quanto essas identidades construídas durante a guerra e a memória do massacre permanecem operantes no distrito, produzindo alteridades e tensões que atravessam as relações entre as populações do leste do distrito (onde se localiza a vila-sede e a administração) e do oeste (identificada como o “mato” rural e tradicional), dando sentido a várias experiências de violência cotidiana, e alimentando disputas político-partidárias (que, a nível nacional, resultam em ameaças da retomada da guerra). O trabalho proposto analisará como essas tensões e identidades remetidas ao período da guerra civil persistem em Homoíne. CR - Copyright; 2019 Asociación AIBR, Antropólogos Iberoamericanos en Red ER -